Antropoceno ou Capitaloceno: da simples disputa semântica à interpretação histórica da crise ecológica global

Autores

  • Eduardo Barcelos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, campus Valença

Palavras-chave:

antropoceno, Capitaloceno, Crise Ecológica, Mudanças Globais, Impactos Antrópicos

Resumo

A natureza complexa da crise ecológica atual postula diferentes versões e causalidades para explicar as mudanças ambientais contemporâneas. Os efeitos do crescimento populacional e da atividade econômica nos diferentes ecossistemas tem provocado uma crescente disputa de interpretação sobre as circunstâncias que permeiam a relação sociedade e natureza e como tal relação conforma o desenvolvimento da crise atual. Recentemente, o debate ambiental contemporâneo foi reaquecido pela difusão da noção de Antropoceno, uma nova época geológica demarcada pela industrialização e pela capacidade humana de intervenção na evolução da Terra. Esta noção, porém, tem sido objeto de críticas e por tentativas de reformulação, entre elas a noção de Capitaloceno. No presente artigo, busca-se analisar as noções de Antropoceno e Capitaloceno e suas raízes empíricas, científicas e políticas. Apesar de ambas formularem uma versão para a fenomenologia da crise ecológica, suas interpretações diferem quanto às origens e as concepções ontológicas e históricas da crise. Enquanto a primeira postula uma centralidade no humano (Anthropos) como causalidade primeira da crise, a segunda desloca o eixo da crise para compreendê-la como um câmbio no processo histórico em curso do capitalismo, que incorporou as condições da natureza num projeto específico de reorganizar o mundo material.

Referências

BARCELOS, Eduardo Alves da Silva. Geografia e Grandes Projetos: ecologia, política e economia no capitalismo de fronteira. 560 f. Tese de Doutorado em Geografia. Universidade Federal Fluminense, Niterói. 2018
CARVALHO, Luhuna Francisco Magalhães. O tempo da ruptura do mundo: Antropoceno e Capital. Dissertação de Mestrado em Ciências da Comunicação. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Universidade Nova de Lisboa. Portugal. 2015
HARAWAY, Donna. Antropoceno, Capitaloceno, Plantacionoceno, Chthuluceno: generando relaciones de parentesco. Revista Latinoamericana de Estudios Criticos Animales. Buenos Aires. Vol. I. ano III. 2016.
LEWIS, Simon; MASLIN, Mark A. Defining the Anthropocene. RESEARCH PERSPECTIVES. vol. 519. 2015.
MARQUES, Luiz. Capitalismo e Colapso Ambiental. São Paulo: Editora da Unicamp, 2016 (2º edição revisada).
MOORE, Jason W. De Objeto a Oikeios: Geração do Meio Ambiente na Ecologia Mundial Capitalista. Em: Ensaios em ciências ambientais: crises riscos e racionalidades. Organização Sandro Dutra e Silva ... [et al.]. 1. ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2016.
MOORE, Jason W. The Capitalocene. Part I: On the Nature & Origins of Our Ecological Crisis. The Journal of Peasant Studies. Vol. 44. 2014.
MOORE, Jason W. El auge de la ecología-mundo capitalista (I): las fronteras mercantiles en el auge y decadencia de la apropiación máxima. Revista Labertinto N°38. 2013a.
MOORE, Jason W. El auge de la ecología-mundo capitalista (II): las fronteras mercantiles en el auge y decadencia de la apropiación máxima. Revista Labertinto N°39. 2013b.
MOREIRA, Ruy. A Geografia do espaço-mundo. Conflitos e superações no espaço do capital. Rio de Janeiro: Consequência Editora. 2016.
NAREDO, José Manuel. La naturaleza em el pensamiento económico. Em NAREDO, José Manuel; PARRA, Fernando. Económia, Ecología e Sostenibilidad em la sociedad actual. Madrid: Siglo XXI. 2000.
STEFFEN, Will [et. al.] The trajectory of the Anthropocene: The Great Acceleration. The Anthropocene Review. 2015.
TOLEDO, Víctor Manzur. El metabolismo social: una nueva teoría socioecológica. Relaciones (Zamora) [online], vol.34, n.136, pp. 41-71. 2013.
WATERS, Colin [et. al]. The Anthropocene is functionally and stratigraphically distinct from the Holocene. Science. v.351. n. 6269, p 137-[147]. 2016.

Downloads

Publicado

2019-11-18

Como Citar

Barcelos, E. (2019). Antropoceno ou Capitaloceno: da simples disputa semântica à interpretação histórica da crise ecológica global . REVIBEC - REVISTA IBEROAMERICANA DE ECONOMÍA ECOLÓGICA, 31(1), 1–17. Recuperado de https://redibec.org/ojs/index.php/revibec/article/view/356