O DESAFIO DAS MUDANÇAS INSTITUCIONAIS NA ECONOMIA ECOLÓGICA

um framework a partir do IAD de Ostrom

Autores

Palavras-chave:

IAD (Institutional Analysis and Development), Mudança Institucional, Indústria da eletricidade brasileira, Dotações Sociais, Econômicas e Políticas, Arenas de Ação

Resumo

As balizas civilizatórias pautadas pelos avanços no campo da Economia Ecológica demandam profundas mudanças institucionais para manter os sistemas socioecológicos funcionando dentro de seus limites de resiliência ambiental e guiados por justiça intra e intergeracional. As instituições são normas sociais formais (e.g. leis) ou informais (e.g. costumes) que restringem e dão previsibilidade às relações entre os atores sociais. Mudanças institucionais representam assim processos de disputas éticas, científicas, sociais e políticas. O Institutional Analysis and Development (IAD) de Ostrom, auxilia no equacionamento desses processos complexos envolvendo instituições, através da análise de como regras, condições físicas e materiais, e atributos da comunidade afetam a estrutura das arenas de ação, os incentivos atuantes sobre os indivíduos e indicam os possíveis e prováveis desfechos resultantes. O IAD analisa profundamente a arena de ação, mas carece de detalhamento e articulação entre as variáveis exógenas para que se possa entender melhor a distribuição de dotações econômicas, sociais e ambientais entre as coalizões ou agentes. O presente ensaio apresenta um framework inspirado no IAD de Ostrom que permite aprofundar a compreensão sobre essas condições exógenas. Para ilustrar a aplicabilidade do framework proposto, foram utilizados metadados históricos e sínteses institucionais obtidas na análise do setor elétrico brasileiro, realizada por Pavanelli e Igari (2019). As evidências sobre os processos de emergência, avanço, consolidação e recentes reveses da geração hidrelétrica no Brasil contribuem para a compreensão das potencialidades e desafios para as mudanças institucionais necessárias às transformações na relação entre sociedade e ambiente sob a perspectiva da Economia Ecológica.

Referências

Acemoglu, D.; Johnson, S.; Robinson, J. A., 2005. Chapter 6 Institutions as a Fundamental Cause of Long-Run Growth. Handbook of Economic Growth, v. 1, n. SUPPL. PART A, p. 385–472. https://doi.org/10.1016/S1574-0684(05)01006-3

EPE: Empresa de Pesquisa Energética, 2008. Balanço Energético Nacional 2008. https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/secretarias/spe/publicacoes/balanco-energetico-nacional/5-edicoes-anteriores/01-ben-2008-ano-base-2007-pdf.pdf/view

EPE: Empresa de Pesquisa Energética, 2020. Balanço Energético Nacional 2020 - Relatório Síntese. 73. https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-479/topico-521/Relatório Síntese BEN 2020-ab 2019_Final.pdf

Coase, R. H., 1960. The problem of social cost. In: GOPALAKRISHNAN, C. (Ed.) Classic Papers in Natural Resource Economics. Londres: Palgrave Macmillan. https://doi.org/10.1057/9780230523210_6

Costanza, R.; D’arge, R.; De Groot, R.; Farber, S.; Grasso, M.; Hannon, B.; Limburg, K.; Naeem, S.; O’Neill, R. V.; Paruelo, J.; Raskin, R. G.; Sutton, P.; Van Den Belt, M., 1997. The value of the world’s ecosystem services and natural capital. Nature, v. 387, p. 253-260. https://doi.org/10.1038/387253a0

Daily, G. C., 1997. Nature’s Services: Societal Dependence On Natural Ecosystems. Washington, DC: Island Press.

Daly, H.; Farley, J., 2010. Ecological economics: principles and applications. 2a ed. Washington. v. 55.

Defries, S.; Foley, A.; Asner, P., 2004. Land-use choices: balancing human needs and ecosystem function. Frontiers in Ecology and the Environment, v. 2, n. 5, p. 249-257. https://doi.org/10.1890/1540-9295(2004)002[0249:LCBHNA]2.0.CO;2

Fligstein, N.; McAdam, D., 2012. A theory of fields. Oxford University Press.

Gomes, J. P. P., 2002. O Campo De Energia Elétrica No Brasil – De 1880 A 2002. Faculdade Getúlio Vargas.

Hardin, G., 1968. The Tragedy of the Commons. Science, v. 162, n. 3859, p. 1243-1248. DOI: https://doi.org/10.1126/science.162.3859.1243

Igari, A. T.; Pavanelli, J. M. M.; Oliveira, C. E.; Sinisgalli, P. A. A., 2020. Mudanças institucionais e governança de serviços ecossistêmicos. Diálogos Socioambientais, v.3, n.7, p. 9–11. https://periodicos.ufabc.edu.br/index.php/dialogossocioambientais/article/view/295/267

Junior, H. Q. P. et Al., 2007. Economia da Indústria Elétrica. In: Economia da Energia. 4a tiragem ed. São Paulo: Campus Elsevier, p. 343.

Leite, A. D., 2014. A energia do Brasil. 3a ed. Rio de Janeiro: Lexicon.

Martínez-Alier, J., 2012. Environmental Justice and Economic Degrowth: An Alliance between Two Movements. Capitalism Nature Socialism, v.23, n.1, p.51-73. https://doi.org/10.1080/10455752.2011.648839

Mcginnis, M. D.; Ostrom, E., 2014. Social-ecological system framework: initial changes and continuing challenges. Ecology and Society, v. 19, n. 2. http://dx.doi.org/10.5751/ES-06387-190230

Memória Da Eletricidade., 2015. Memória da Eletricidade. Disponível em: http://www.memoriadaeletricidade.com.br/Default.asp?pagina=destaques/linha&menu=368&iEmpresa=Menu#368, Acesso em: 15 dez.

North, D., 1990. Institutions, Institutional Change, and Economic Performance. 1a ed. Washington: Cambridge University Press.

Ostrom, E., 1990 Governing the Commons: The Evolution of Institutions for Collective Action. Cambridge: Cambridge University Press.

Ostrom, E., 2005. Understanding Institutional Diversity. 1. ed. Princeton, New Jersey: Princeton University Press.

Ostrom, E., 2008. Doing Institutional Analysis: Digging Deeper than Markets and Hierarchies. In: Handbook of New Institutional Economics. 1o ed., p. 819–848, Springer.

Ostrom, E., 2011. Background on the Institutional Analysis and Development Framework. The Policy Studies Journal, v. 39, n. 1, p. 7-27. https://doi.org/10.1111/j.1541-0072.2010.00394.x

Ostrom, E.; Basurto, X., 2011. Crafting analytical tools to study institutional change. Journal of Institutional Economics, v.7, n.3, p.317–343. https://doi.org/10.1017/S1744137410000305

Pavanelli, J. M. M., 2016. A integração da geração fotovoltaica distribuída à matriz elétrica brasileira: uma análise sob a ótica institucional. 2016. Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Universidade de São Paulo. https://teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100136/tde-05022017-164641/pt-br.php

Pavanelli, J. M. M.; Igari, A. T. Institutional Reproduction and Change: An Analytical Framework for Brazilian Electricity Generation Choices. International Journal of Energy Economics and Policy, v. 9, n. 5, p. 252–263, 2019. https://doi.org/10.32479/ijeep.8056

Pavanelli, J. M. M., 2019. Meso-institutions Ongoing: The Brazilian Case of Thermal Electric Generation. (A. Lampis, C. Berman, Eds.) In: Anais do Seminário Internacional Territórios da Energia, Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da Macrometrópole Paulista - Resumos, São Paulo. Anais... São Paulo: IEE – USP. Disponível em: http://www.iee.usp.br/?q=pt-br/notícia/anais-do-seminário-internacional

Pigou, A. C., 1920. The economics of welfare. Londres: Macmillan and co.

Rockström, J.; Steffen, W.; Noone, K.; Persson, A.; Chapin Iii, F. S.; Lambin, E. F.; Lenton, T. M.; Scheffer, M.; Folke, C.; Schellnhuber, H. J.; Nykvist, B.; Wit, C. A.; Hughes, T.; Van Der Leeuw, S.; Rodhe, H.; Sörlin, S.; Snyder, P. K.; Costanza, R.; Svedin, U.; Falkenmark, M.; Karlberg, L.; Corell, R. W.; Fabry, V. J.; Hansen, J.; Walker, B.; Liverman, D.; Richardson, K.; Crutzen, P.; Foley, J. A. A., 2009. safe operating space for humanity. Nature, v. 461, n. 24, p. 472-475. https://doi.org/10.1038/461472a

Sauer, I. L. et Al., 2003. A Reconstrução do Setor Elétrico Brasileiro. 1. ed. São Paulo: Paz e Terra.

Steffen, W.; Richardson, K.; Rockström, J.; Cornell, S. E.; Fetzer, I.; Bennett, E. M.; Biggs, R.; Carpenter, S. R.; Vries, W.; Wit, C. A.; Folke, C.; Gerten, D.; Heinke, J.; Mace, G. M.; Persson, L. M.; Ramanathan, V.; Reyers, B.; Sörlin, S., 2015. Planetary boundaries: Guiding human development on a changing planet. Science, v. 347, n. 6223. DOI: https://doi.org/10.1126/science.1259855

Downloads

Publicado

2022-03-02

Como Citar

O DESAFIO DAS MUDANÇAS INSTITUCIONAIS NA ECONOMIA ECOLÓGICA: um framework a partir do IAD de Ostrom. (2022). REVIBEC - REVISTA IBEROAMERICANA DE ECONOMÍA ECOLÓGICA, 35(1), 36-55. https://redibec.org/ojs/index.php/revibec/article/view/vol35-1-3