Modelo de desenvolvimento neoextrativista latino-americano
um olhar biofísico para o comércio exterior das regiões brasileiras (1997-2019)
Palavras-chave:
Comércio Exterior Brasileiro, Neoextrativismo, Sustentabilidade, Balança Comercial Biofísica, SociometabolismoResumo
O presente estudo tem como objetivo traçar o perfil sociometabólico da balança comercial das regiões brasileiras entre os anos de 1997 e 2019 e analisá-lo no contexto neoextrativista latino-americano, enfatizando a natureza dos impactos socioambientais desse processo de desenvolvimento. Utiliza-se o ferramental metodológico do sociometabolismo: a análise dos fluxos de matéria e energia (Material and Energy Flow Analysis – MEFA). Os resultados sugerem que o Brasil intensifica sua condição de primário-exportador líquido em termos biofísicos no período analisado. Quatro das cinco regiões brasileiras são deficitárias do ponto de vista do comércio biofísico e aprofundaram significativamente este déficit no período analisado. A única região que se apresentou inicialmente como superavitária foi o Nordeste, mantendo este padrão no fim do período. As regiões brasileiras mostraram-se significantes exportadoras de minérios metálicos e produtos de biomassa, além de importar uma quantidade expressiva de combustíveis fósseis e minerais não metálicos, o que representa uma preocupação para o meio ambiente em termos dos impactos gerados por essas atividades. Os elevados déficits na balança comercial biofísica das regiões brasileiras (exceto o Nordeste) reforçam o problema da sustentabilidade ecológica no longo prazo destas atividades, uma vez que muitas delas dependem de recursos naturais não renováveis.
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